
Eu já calculava que isto, um dia, ia correr mal...
Mesmo antes de ser mãe, já tinha umas ideias sobre a importância das histórias, na vida das criancinhas. O que eu não sabia, era que algumas criancinhas (espero que haja alguém com mais sorte do que eu, e que aquele "algumas" não seja uma utopia), fazem questão de transformar grandes contos, em simples "medidores de paciência parental".
Eu explico:
Quando a Maria - que tem 5 anos - era muito mais manipulável (afinal, sempre se confirma. Eu SOU manipuladora), era relativamente fácil convencê-la de que as histórias, por muito longas que pareçam nos livros, não eram maiores do que ela. E, assim, quaisquer cinco minutinhos eram suficientes para as contar.
Os problemas começaram (quem me mandou a mim fomentar nela a curiosidade e a criatividade...) quando, por volta dos três anos, começou a tornar-se mais exigente.
Eu não desarmei, e o único trunfo que me lembrei de utilizar, do alto dos meus vinte e tal anos de sabedoria, foi começar a contar as histórias (que já era ela a escolher) em versão acelerada. Durante uns tempos (leia-se dias), resultou. Mas depois, o argumento "Querida, a história está lá. INTEIRINHA, cheia de pormenores!! A mãe só a contou mais depressa. Só isso..." esgotou-se. Até porque, já nem adiantava eu falar mais rápido do que o meu pensamento. Não era suficientemente rápido para o pensamento dela. E acabei por me render às evidências. Ia fazer o quê...?
Não sei se foi estratégia dela, ou não. O que sei, é que me saiu bem caro o atrevimento.
A história do Capuchinho vermelho, chegou a demorar meia hora a ser contada... Sabem aquela parte dos bolinhos que o raio da miúda fez para levar à avozinha? Pois é... essa era a parte em que eu tinha de me calar, durante vários minutos, para ser especificado o tipo de bolinhos que estavam dentro do cestinho. "...de muango..., de chocuate..., de canela (é verdade! é doida por canela!)..."...
Hoje em dia, felizmente, a história favorita da Maria é a "Cinderela" que, como toda a gente sabe, não tem muito por onde inventar.
Agora (e vejam bem a minha sorte...), imaginem lá qual é a história que a Martinha - que tem quase dois anos - adora e precisa, para ficar sob hipnose...
É mesmo essa. O Capuchinho vermelho. Só espero que o desespero não me faça cair no mesmo erro...