Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2005
" 'Deixar morrer' é ou não o mesmo que eutanásia?
Parecer do Conselho de Ética instaura polémica entre médicos portugueses
Ao admitir a suspensão de alimentação e hidratação em doentes em estado vegetativo persistente (EVP), desde que seja essa a vontade do próprio, previamente expressa ou "presumida", e ao consagrar o carácter soberano da vontade individual, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) abriu a discussão sobre a questão da eutanásia em Portugal. (...)" In DN ONLINE, 24/02/2005
Por mais que tente (e acreditem, eu tento), não consigo evitar a perplexidade que me invade quando me deparo com esta questão.
Na minha perspectiva, a eutanásia é um recurso que todos os seres humanos devem ter direito a utilizar, em determinadas circunstâncias. Quando a vida já não apresenta o mínimo de qualidade, ou de autonomia relativamente a assistência médica, e, em consciência, alguém deseja terminar a sua viagem por estas bandas, não me parece justo negá-lo.
O caso, aqui, não é bem este. Mas tem muitos aspectos em comum.
É relativamente fácil, aceitar que a medicina sirva a vida. Qualquer pessoa pode compreender que, em termos éticos, o suposto é potenciar a vida, seja em que condições fôr.
Mas, da mesma forma que se dá ao doente um termo de responsabilidade, permitindo-lhe assim não receber um tratamento que pode salvar-lhe a vida, deveria ser atendido todo e qualquer desejo expresso, nesse sentido - e, como disse anteriormente, em consciência -, por quem nada mais terá, ao longo dos seus dias, que actividade cardíaca.
O estado vegetativo persistente, note-se, não é uma simples lipotímia (ou desmaio, se preferirem). Será ético manter, artificialmente, a vida de quem não sairá desse estado, por muito tempo que "viva"?
Como sempre, admito a hipótese de não estar a analisar todos os aspectos que este assunto, muito complexo, comporta.
É por isso que vos peço que reflictam um pouco, e me deixem os vossos comentários.
De Anónimo a 27 de Fevereiro de 2005 às 02:26
Para mim a questão é simples. Há viver e há sobreviver. Ninguém deve ser obrigado a sobreviver se não tiver vislumbrar hipóteses de voltar a viver. Há coisas que ninguém deve ser obrigado a suportar.Calvin
(http://ummundomagico.blogs.sapo.pt)
(mailto:o.calvin@sapo.pt)
De Anónimo a 25 de Fevereiro de 2005 às 00:48
Concordo plenamente. Acho que é uma questão de dignidade. e respeito pelo nosso semelhante - e em última análise, por nós próprios. Acho mesmo que nos direitos do Homem devia ser instaurado paralelamente ao direito a viver com dignidade, o direito de ter uma morte com dignidade.angelkitten
(http://www.donadecasa.blogs.sapo.pt)
(mailto:angelcat@netvisao.pt)
De
... a 22 de Dezembro de 2009 às 01:24
...
Sentir o inverno flutuando em proximidade ás camadas mais ásperas,
mas sem atingir a máxima sedução.
Esse desejo vermelho-sangue que não ambiciona a satisfação,
apenas o conforto momentâneo dessa liberdade contida e fracionada.
Movimentos selvagens, intensidade estonteante,
em cada lado dessas paredes rachadas.
Prosseguir e moldar uma nova cicatriz,
um caminho para que eu possa sentir que a vida ainda flui abaixo dessas ruínas.
...
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