Sexta-feira, 7 de Junho de 2013
Não sei lidar com a morte. Descobri hoje.
Se ouvirem falar da interrupção na circulação de comboios desta manhã,
entre o Monte Estoril e o Estoril, não se preocupem. Foi apenas um
teste à minha reacção.
O comboio pára. Olho pela janela para a linha e vejo, debaixo da minha
carruagem, metade de um corpo. De um homem. Tudo o que de vida havia
em mim evaporou. Saiu num único sopro. Foi o mais próximo que alguma
vez estive de uma morte violenta.
Mas que afinal não foi uma morte. Física, pelo menos. Nem próximo.
Havia um arranhão num joelho.
Sabe-se lá quantos, por dentro.
Mas foi demasiado violento. E demasiado próximo de mim.