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Just in Case
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Aliado certo para pôr termo aos momentos errados, o tempo, às vezes, brinca connosco.
Mas não nos faz rir.
Quando o tempo passa e a certeza que nos traz é apenas a de o termos perdido, a única coisa que nos resta é sorrir. Por percebermos que podemos enganar-nos a nós e aos outros. Mas a ele, não.
O tempo não muda o que a alma nos diz.
Por muito que a razão a queira convencer do contrário.
Resta passar à fase seguinte:
Dar tempo ao tempo do tempo. E isso parece-me tempo demais, quando o tempo não dá nada em troca.
Foi por isso que se inventaram os temporais.
Estou e-x-a-u-s-t...
António Lobo Antunes
"Mói e mata. Mata. Mata. Mata. Mata. Levou-me tantas das pessoas que mais queria. E eu, já agora, quero-me? Sim. Não. Sim. Não — sim."
Eu também quero.
Não escrevo nem mais uma palavra enquanto a previsão do estado do tempo em Portugal incluir a palavra
AGUACEIROS
Antes desta decisão já tinha decidido não pontuar frases
E antes da decisão de não pontuar frases tinha decidido escrever apenas pausa neste post
De notar que depois da minha decisão de não escrever nem mais uma palavra enquanto a previsão do estado do tempo em Portugal incluir a palavra
AGUACEIROS
escrevi apenas 72 palavras
não
foram 73
com mais estas
78
O que não é mau de todo
A epidural no auge do efeito e eu a garantir
"Não comecem já. Ainda sinto tudo."
(Felizmente não se deixaram levar tão facilmente...)
O bisturi. O som das tesouras. As compressas. Eu com pressa.
Subitamente, um movimento mais brusco.
A mão da anestesista na minha nuca, a elevar-me a cabeça.
A pergunta "Está a vê-la?"
A resposta "Não, só vejo uma perna!"
Tudo tão rápido, tudo tão mágico. Tu fora de mim. Eu tão acordada. O teu choro e o meu coração a voltar a bater. Levarem-te para fora da sala. Ouvir "4" gritado lá do fundo. A minha pergunta "Quatro quê? Quatro Kgs?!".
"Sim, 4 kgs!". Eu incrédula.
Tu de volta à sala, embrulhada no colo da tua avó, a aproximares-te de mim. Linda. A primeira vez que te toquei. A pele do teu rosto. Tão macia.
Tudo tão rápido, tudo tão mágico. Tu fora de mim. Eu tão acordada.
Ouvir "4" na tua voz.
Quatro quê? Quatro anos?! Já?
Adoro-te, Marta.
Parabéns!
De todas as ausências
as que doem durante mais tempo
são as que nos são impostas por nós prórpios
...
?!
"prórpios"? Eu escrevi "prórpios"?
(lamechas e disléxica... está bonito...)
"Já notei que a maior parte dos homens se sente açulada e indignada quando, em pleno combate moral, recorremos à ternura e ao afecto. É vê-los feras amansadas e apanhadas de surpresa assim que recorremos à violência ou à dureza. Raça detestável! Tal preceito mantém-se praticamente inalterável no que respeita ao amor.
Realidade estranha e deplorável, pois, em muitos casos, é igualmente aplicável à amizade; realidade pavorosa, desesperante, mas inevitável, necessária à subsistência das nossas sociedades, dos governos mais democráticos aos mais despóticos. Quando não é refreado nem reprimido, o homem aproveita imediatamente para cometer abusos. Despreza quem o receia e maltrata quem o ama; receia quem o despreza e ama quem o maltrata. "
George Sand, in 'Diário Íntimo'
(Eu não queria dizer isto, mas... uma mulher com nome de homem como pseudónimo, que diz uma coisa destas... Só pode ter razão.)
Lamento
profundamente
não ter chegado antes
não ter podido mudar a tua sorte
não ter sido o teu escudo
não ter conseguido enganar a morte
Marcaste o meu dia. A tua vida acabou hoje, e hoje levas contigo um pedaço da minha. Abraçada a ti, numa camisola que adoro.
Não sei de onde vieste, nem sei se alguém vai sentir a tua falta.
Mas sei que não te deixei sozinho até ao teu último momento. E sei que senti o teu agradecimento.
Sente agora o meu.
Adeus, gato branco.
(Cat's eye Nebula)
"No star lives forever— our own Sun included. After a star like the Sun has used up all its nuclear fuel, it throws off its outer layers and then fades away."