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Just in Case
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Luísa acordou à hora do costume, naquela manhã de segunda feira.
Pela primeira vez, desde que decidira trabalhar fora de casa depois de ter sido mãe, fora até ao fim do processo.
Apesar de sentir o sabor doce de mais uma conquista da sua perseverança, não conseguia afastar a dúvida: E se ainda fosse demasiado cedo?
E se fosse demasiado desgastante, emocionalmente?
Tinha até às quatro da tarde, para afastar esses fantasmas. Depois disso, os dados estavam lançados.
Era um projecto de desafio às suas capacidades. E ela não sabia dizer não a desafios. "Trabalhar com portadores de deficiências múltiplas profundas, requer uma enorme força, a todos os níveis. Mas a Luísa parece-nos perfeitamente apta para desempenhar esta função. A questão dos turnos para si, como mãe, pode ser um impeditivo. Compreendemos perfeitamente que a sua resposta seja negativa, mas gostariamos muito de a ter por aqui...", ouvira antes de responder que sim, que aceitava.
O impacto inicial, foi ambivalente. Devastador pelos dois lados.
Mas a vontade de dar estava a crescer.
Ao fim de três dias e quatro turnos, a familia decidiu reclamar direitos. Primazia absoluta, como sempre.
Que não, não podia continuar por incompatibilidade de horários. Noites fora de casa não eram admitidas.
Que ficaria até encontrarem alguém que a substituísse.
"A porta estará aberta, caso mude de ideias."
No dia seguinte, recebeu um telefonema. Considerava-se contraproducente, deixar que se criassem laços mais profundos entre Luísa e os seus "meninos". Deveria cessar imediatamente o desempenho de funções.
No final do mês, cumpriu o que decidira desde o início do fim. Dirigiu-se à Tesouraria da Instituição, recebeu o cheque que lhe estava destinado, assinou no verso e perguntou:
- Qual é o procedimento para fazer um donativo?
(Não continua)