Sábado, 12 de Janeiro de 2008
Toda a gente sabe da minha paixão por Lobo Antunes.
Toda a gente, menos ele.
E ele, sem saber, faz-me saber que a tenho.
A mim, e a toda a gente que sabe.
Porque não consigo escondê-la e ele, sem saber e sem querer, faz-me senti-la.
Muitas vezes.
E faz-me querer roubar revistas antigas abandonadas em sofás de cabeleireiros...
E depois, faz-me pesar a consciência e pensar na alternativa: "podias rasgar as páginas da crónica, apenas, e escondê-las na mala...".
E passados alguns segundos, faz-me ainda chamar nomes a mim própria.
"És mesmo parva. Por que raio não cumpres as promessas que te fazes e não assinas o raio da revista?"
E quando chego a casa, olho para o chão e vejo-as. Todas ali. A ocupar um espaço enorme do meu chão.
Quando o que quero delas, o que preciso delas, são apenas duas páginas.
E as duas páginas que queria, hoje, e que pensei irremediavelmente perdidas... não estão, afinal.
E é tão bom, quando há "afinais" assim, nas nossas vidas.
De paulo santos a 15 de Janeiro de 2008 às 02:45
Sim…olhei com ansiedade para o teu blog...
Gostei do título deste Post “Eu, muitas vezes...”
Tem qualquer coisa a ver comigo : )
E Eu gostava de te contar uma história, baixinho…ao ouvido, como quem sussurra numa voz doce…assim, como a fala naqueles momentos antes…dos tais instantes mágicos…de quem se beija… pela primeira vez…
Por isso, quero-te perguntar…
“Bébé …vamos construir um Universo?"
Porquê? Porque o tempo tem a forma de uma pêra…
Mas sobretudo, porque os meus átomos são inevitavelmente atraídos pelos teus…
Onde? Aqui mesmo…na Terra.
Como?
Ora deixa cá ver…para já…podemos imaginar…
Bem, e vamos precisar de algum material…
Vamos reunir tudo o que existe…todos os grãozinhos de poeira de matéria desde o inicio até agora…e depois de todas as partículas reunidas…vamos colocá-las num sitio tão infinitamente compacto que este fica sem dimensão…
Cá está!!...já temos a nossa singularidade…
Minha…
E tua…
Haverá espaço para a nossa singularidade existir?
E o tempo? Haverá tempo?
Até agora ainda não bébé…porque o espaço ainda não tinha sido criado…e também não sabemos há quanto tempo a nossa pequena jóia lá está…porque não á escuro nem fronteiras…e na verdade…
Tudo começou do nada…
E assim sem mais nem menos, quando o tal nada se fazia esperar…mais depressa do que as palavras podem descrever, ou do que um simples pensamento alguma forma ganhar…
Num único pulsar de luz, mais brilhante que o maior de todos os momentos de glória…aconteceu…o primeiro segundo da História.
A partir do instante zero…estamos a caminho…
No milionésimo de segundo seguinte, o tempo e o espaço começam agora a ganhar forma, estamos a muito mais de dez biliões de graus, e as forças da natureza estão combinadas numa força primordial única…chama-se a este período, o Tempo de Planck, e como só num sonho pode acontecer, as leis da Física ainda estavam em formação.
Nestes primeiros instantes, a densidade do espaço ara tão elevada, que os fotões colidiam com frequência. Isso fazia com que se transformassem espontaneamente em partículas de matéria e nas suas correspondentes de antimatéria, ou seja…muitas vezes…no principio… quando duas partículas têm feitios diferentes e não se conhecem…andam ás turras uma com a outra…
(Eu até não sou burro de todo…isto é canja bébé…)
Continuando…a matéria e a antimatéria colidiam, aniquilavam-se mutuamente, produziam um novo par de fotões, e assim sucessivamente, dá-se a este processo o nome de produção de pares, e ainda hoje acontece no Universo moderno, quando as condições são ideais.
Contudo, uma vez em cada milhar de milhões de vezes, uma partícula de matéria é criada sem a sua correspondente de antimatéria…este fenómeno vai semeando partículas de matéria no Universo porque não existem as antipartículas para as transformarem de novo em fotões de energia…
E foi assim que nasceu o amor…
Porque em menos de um minuto, o Universo já ocupa um milhão de bilião de quilómetros em todas as direcções, e continua a crescer…
O hidrogénio, o hélio, o lítio, todos os elementos mais leves ganham alma…
Com três minutos de existência, já tinha sido criada cerca de praticamente toda a matéria que existe actualmente ou alguma vez existirá (cerca de 98%)
Até aos cinco minutos de vida os níveis de energia ainda eram tão elevados que os átomos estavam inteiramente ionizados e existiam como núcleos num mar de electrões…
As quatro forças fundamentais da natureza, a Gravidade, a Interacção Nuclear Fraca, a Interacção Nuclear Forte e o ‘meu’ Electromagnetismo moldaram o nosso Universo á vontade de Deus…
Os átomos, enamorados, foram continuando a sua epopeia...
Foram precisos setecentos milhões de anos até ao surgir das Galáxias maiores e mais brilhantes…
E finalmente…catorze biliões de anos, até o meu olhar…cruzar o teu…
Hoje em dia, o Universo tem perto de cem biliões de anos-luz de uma ponta á outra...É enorme! E para todos os efeitos, infinito…
E é espantoso como tudo correu a nosso favor!
E é por isso que o agora…é o tempo…e o aqui…é o espaço…
De
S a 15 de Janeiro de 2008 às 13:23
Sem palavras.
E sem ar, também. :)
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