Cinco estrelas
Família
Amigos
Diafragma & Fotoescrita - RIP
Relógio parado - RIP
Outros
Troca de olhares - RIP
Frota A310 - RIP
Miúdos
Just in Case
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Não sei se sabem, mas a preguiça...
...
é um animal mamífero.
Além disso, até são giras, pelo que não é assim tão mau sermos parecidas com elas.
Há três anos, este blog já existia.
Há três anos, este blog não existia.
Bom...
Qualquer outro, menos Domingo.
Estou zangada com o mundo.
Detesto partilhar sentimentos deste género, mas estou tão zangada, tão zangada mesmo, que já nem me chateia nada fazê-lo, agora.
É cruel que, de cada vez que alguém me desilude, seja eu quem perde. Porque me limito a fechar-me na minha concha e a produzir pérolas que vão acabar, mais cedo ou mais tarde, na boca de algum suíno.
Eu até gosto de suínos. São cor-de-rosa e tudo. Mas comem cascas. E eu não gosto de cascas. E não posso gostar de quem gosta de cascas.
O problema principal aqui, são as cascas.
Quando me zango com o mundo, só me apetece dizer a toda a gente: "Tens noção de que vamos todos morrer, mais dia menos dia?"
Mas não digo. Só penso.
Talvez por isso, por não dizer, as pessoas continuem a confundir cascas com conchas.
E a minha concha com uma casca.
Azar.
É mesmo uma concha.
Robusta.
E lá dentro, tem nácar para dar e vender.
Não sou eu que perco. Definitivamente.
Mais do que o tempo, às vezes acho que é a consciência da minha finitude que me mata mais um pouco, em cada dia que passa.
(Não sei se devia confessar isto, mas esta ideia/frase não me deixava adormecer, ontem à noite. E é só por esse motivo que está aqui.)
(Mais uma prova de que eu não ando a tomar a medicação certa, também. Mas foi a que me receitaram. Além disso, hoje estou chateada. E ainda além disso, mesmo que não estivesse.)
Devia ter uns 12 ou 13 anos.
Olhei para o espelho e estava lá a minha imagem.
De repente, voltei-me na direcção inversa e fiquei de costas para o espelho.
E pensei:
Será que a minha imagem ainda está lá?
Nunca mais pensei nisto. Até que, há uns dias, li algures a mesma pergunta.
"A imagem no espelho mantém-se, se ninguém estiver a olhar para ela?"
Hoje, como há uns anos e há uns dias, não sei a resposta.
Alguém sabe?
Toda a gente sabe da minha paixão por Lobo Antunes.
Toda a gente, menos ele.
E ele, sem saber, faz-me saber que a tenho.
A mim, e a toda a gente que sabe.
Porque não consigo escondê-la e ele, sem saber e sem querer, faz-me senti-la.
E faz-me querer roubar revistas antigas abandonadas em sofás de cabeleireiros...
E depois, faz-me pesar a consciência e pensar na alternativa: "podias rasgar as páginas da crónica, apenas, e escondê-las na mala...".
E passados alguns segundos, faz-me ainda chamar nomes a mim própria.
"És mesmo parva. Por que raio não cumpres as promessas que te fazes e não assinas o raio da revista?"
E quando chego a casa, olho para o chão e vejo-as. Todas ali. A ocupar um espaço enorme do meu chão.
Quando o que quero delas, o que preciso delas, são apenas duas páginas.
E as duas páginas que queria, hoje, e que pensei irremediavelmente perdidas... não estão, afinal.
E é tão bom, quando há "afinais" assim, nas nossas vidas.
Como já deve ter dado para reparar.